terça-feira, 26 de maio de 2015

II – calor

Se ainda não leu, volte para a primeira parte :) 
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“Pressionar é um suspiro inconsciente do medo de perder.”

“A sensatez é tão perigosa quanto irritante, porque é tão boa em inverter papéis quanto é arrogante. A natureza humana tem instinto de evitá-la. Confronte um apaixonado e sensatez e verá a figura da confusão de uma criança segurando pedaços de carvão aos pés de uma árvore de natal.”

“Diferentemente da lógica, obsessões se alimentam de convicções sem reputação. Mentiras criadas e acreditadas por que convém. Obsessões estão sempre distraídas demais para perceber.”

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Se algo chamava atenção de longe, era o modo como as mãos dele seguravam o rosto dela. Assistir àquilo era o mesmo que testemunhar a figura da própria realidade, mas bêbada e tentando fingir estar bem. Quem, de alguma forma, pudesse ter acompanhado o casamento entre as peles desde seu início – como os gestos se sucederam – teria reconsiderado a própria sanidade sem capricho algum. Naquele ponto nem ao menos a própria situação se incomodava em fazer público que já não garantia qualquer apreço à lógica, por isso, não haveria sentido em espanto algum quando fumaça branca começasse a escapar por entre os dedos que abraçavam a carne do rosto. Ainda tímida, mas o suficiente para se enxergar, havia fumaça; aumentando e espalhando tal como se seguisse o curso de alguma sensação comum aos dois.

Até então a situação parecia ainda não haver se posicionado sobre ser uma oportunidade ou uma armadilha. Um pouco de piedade nesta decisão seria justa; ele não era muito mais do que uma vítima mortalmente contaminada por todas as enfermidades de poetas conhecidas.
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